quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Cresce o déficit da casa própria em MG

Hoje em Dia caderno: Economia

Minas Gerais concentra o segundo maior déficit habitacional do país, atrás apenas de São Paulo. E, pelo menos em números absolutos, as estatísticas mostram que a falta de teto se agravou em 2006. Pesquisa divulgada ontem pela Fundação João Pinheiro (FJP), em parceria com o Ministério das Cidades, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), aponta que o país precisa de 7,935 milhões de novas moradias.

Em 2000, eram necessárias 7,223 milhões de casas. No Estado, em igual período, o déficit saltou de 641 mil para 721 mil domicílios, sendo 173 mil somente na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).Já em termos relativos, o estudo detectou um pequeno decréscimo nos percentuais. Em 2006, o déficit habitacional brasileiro correspondia a 14,5% do estoque total de domicílios particulares existentes. Em 2000, o índice era maior: 16,1%.

Já em Minas, a queda foi de 13,4% para 12,6% em seis anos. «A quantidade de domicílios vem aumentando. Mas a população cresce de forma mais acelerada, o que acentua o desequilíbrio», avalia a coordenadora da pesquisa pela FJP, a economista Maria Bernadette Araújo.A pesquisadora explica que deve-se entender como déficit habitacional os domicílios improvisados (barracas, carros, pontes), os rústicos (sem paredes de alvenaria ou madeira aparelhada), a coabitação familiar (famílias que residem em um mesmo domicílio com outra considerada principal e os domicílios denominados cômodos) e o ônus excessivo com aluguel (famílias com até três salários mínimos de renda que gastam mais de 30% com aluguel).«Quem ganha pouco e paga muito para morar também está incluído», diz Bernadette. Segundo ela, o déficit habitacional urbano é composto basicamente por famílias de baixa renda: no Brasil, 90,7% das famílias com carência de habitação recebem até três salários mínimos. Minas aparece acima da média nacional, com 93%. «A construção civil iniciou um boom recentemente. Mas as edificações ainda não atendem à demanda destas pessoas», pontua. Ainda nas zonas urbanas do Estado, 3,3% do déficit são de habitações precárias, 34,8% de ônus excessivo com aluguel e 61,9% de coabitação familiar.A pesquisa mostrou ainda que o Sudeste conquistou um título nada honroso. Até 2000, a maior concentração de carências habitacionais se encontrava no Nordeste - 39,5% contra 32,4% na Região de Minas, Rio, São Paulo e Espírito Santo. Cinco anos depois, a relação se inverteu e, em 2006, o Sudeste passou a ser responsável por 37% do total, ante 33,8% do estados nordestinos. «É preciso mais investimento público por aqui», pede a diretora do Centro de Estatística e Informações (CEI) da FJP, Laura Irene Mendonça.«O acesso aos bens de consumo, como geladeira e televisão, ainda não chegou na casa própria», adverte ela, que aponta ainda a carência dos serviços de infra-estrutura básica como a maior responsável pela inadequação das moradias urbanas. No país, estima-se que 11,247 milhões de domicílios urbanos sofram com a ausência de pelo menos um dos serviços básicos como, por exemplo, água encanada. Em Minas, são 658 mil domicílios nessa situação.

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